"A poesia é o eco da melodia do universo no coração dos humanos." (Rabindranath Tagore)


 Onde guardarei os meus segredos,
 aqueles que são inconfessáveis?
 Já que os baús antigos não são seguros,
 todos conhecem os seus truques,
 e além disso, nenhum cofre guarda segredos.
 

 Se os escondo debaixo da terra,
 a terra consome e destrói tudo,
 como fez com todos os homens
 que chegaram antes de mim.

 E se oculto entre as folhas de um livro,
 numa linguagem cifrada? também não,
 os livros costumam dizer tudo,
 apregoam os segredos nos telhados.

 Quem sabe no fundo do mar?
 mas o mar é inconstante
 e devolve sempre o que não lhe pertence,
 talvez um dia, numa praia qualquer
 aportem os meus segredos,
 escancarados, desavergonhados.

 Os meus segredos,
 os guardarei em mim mesmo,
 enterrados na própria carne
 eles ficam mais seguros
 e quando eu morrer,
 eles se evaporam,
 viram fumaça no ar.

José Luongo da Silveira

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